quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O poço

Por mais que algumas pessoas tentem, elas não irão conseguir enxergar além de si mesmas. Nós sabemos os conflitos e contrastes que habitam nossa alma. E sentimos diariamente o mundo que arrastamos acorrentado em nossa perna. Todavia não conseguimos ver isso em outras pessoas. São tão internos os processos da mente que infelizmente só nos resta o corpo para julgarmos. E embora, muitas vezes, nossas aflições transbordem pelos nossos corpos construindo semblantes e expressões faciais decadentes, estamos tão imersos em nós mesmos que não nos apercebemos desses detalhes lúgubres que estampam o outro. Todos caem! É sinistro como diante de nossa vida pernas enfraquecem e desmoronam com suas vidas e nada percebemos. E quanto as almas penadas que confundimos com corpos e passam por nós como se estivessem vivas e passamos por elas como se estivessem vivas. Olhe para o chão, se um dia você tiver tempo. Haverão muitos mortos apodrecidos lá. Mas talvez possamos identificar os agonizantes. Afinal, é mais fácil perceber anjos caídos do que faces de tristeza. Eu sei, não me interprete mal. Não estou te julgando por você olhar apenas pra dentro do seu poço, fundo e triste. Você tem o direito de desmoronar também. Todos caem dentro de seus poços. Todos se abandonam em sua própria solidão. Eu conheço bem essa sensação. Chama-se vazio. É a borracha com a qual estamos descolorindo a vida e as pessoas ao nosso redor. Isso, porque queremos ficar completos de coisa alguma. No final, nossa alma mostrou-se pequena para tudo que foi colocado dentro dela. Somos mentes que de tão sobrecarregadas e cansadas escolhemos torna-se apáticos em nossa existência . É isso ou ser consumido até a exaustão.
- Bira -
Petrolina, 8 de janeiro de 2009

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