quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Bolero em perspectiva


Estamos todos nervosos...pela primeira vez partirei em direção a algo mais sofisticado. Uma espécie de ritual entre os corpos capaz de elevar nossos espíritos. Desajeitado, meio que desengonçado, tento conduzir com alguma firmeza a pele que desliza entre minhas mãos trêmulas e suadas. E assim riscamos o salão. É por meio de um balanço que o sublime se revela, num misto de suavidade e clareza. Já estamos altos, e em cada vez que os passos se encaixam destravamos bem diante do outro nossos segredos. Estamos nus, despidos das carnes mortais apenas velejamos com o vento. Riscamos o universo em meio a giros e inversões. Somos folhas caindo. Já agora alguma firmeza há em meus dedos enquanto sustento e conduzo imperfeitamente como humano o corpo divino de uma inspiração de Deus, um divino poema cheio de curvas e alegrias que engrandece a vida apenas pelo fato de existir. E no final, quando o movimento diminui e o êxtase atingiu sua maturidade, estamos completos e ricos, e gratos por mais uma vez a vida se mostrar ainda mais deslumbrante.
-Bira -