terça-feira, 20 de maio de 2008

A vida vale a pena?


As vezes penso que não.
Penso nas dificuldades que enfrento desde criança, na tristeza que vejo a muito tempo nos que estão perto de mim. Penso na incapacidade das pessoas e na impotência ante um cotidiano irrevogavelmente vazio. Penso ainda no potêncial que todos temos para sermos infelizes. Penso na tristeza das perdas que sofri, nos amores que esqueci e e nos que ainda terei que esquecer. As vezes penso na vida que tenho e, apesar de não ser das piores, as vezes simplesmente não consigo gostar dela.

E derrepente acordo.
Em um dia com um pouco mais de sol, com um pouco mais de vento. Em um dia talvez “nada a ver”, um dia desproposital. Então vejo minha familia tomando café, e penso em todas as dificuldades que enfrentamos e, mesmo com o pouco, conseguimos dar boas risadas. Penso no quintal de minha casa, no pé de goiabeira, nos cabos das vassouras que derrotavam meus inimigos imaginários, nas caixinhas de remédios pilotadas pelos bonecos de massa, no gipe do rambo – que foi gurreiro até a carcaça. Penso quando dancei valsa com minha mãe na formatura da alfabetização e com minha irmã na da quarta série. Penso nas brigas com meu irmão, em como não me lembro de quando ficamos adultos e de quando elas acabaram. Penso na primeira vez que bebi com meus primos e nas músicas de vaquejada que ouvimos. Penso em meu primo Carlos Maelbe cantando aboios na madrugada de uma segunda qualquer de frente da minha casa. Penso nos meus amigos e nas besteiras infindáveis que conversamos e conversaremos. Penso em todas as vezes que sorri. Penso nos amores que ainda terei. As vezes penso na vida que tenho, que não é das piores, e em todas as lembranças que conquistei, e as vezes simplesmente não quero que elas acabem.
- Bira -