sábado, 13 de dezembro de 2008

Abra os olhos



Eu desejo o fim.

O fim rápido e indolor.

Já tentei ser o alto da montanha gelada,

o espirito livre

e a decadence.

Não obtive exito.

Agora estou tentando ser o fim,

meu amigo, o fim.

Um estado verdadeiro de não ser

nem estar.

Talvez, a forma mais pura de liberdade,

ou de decadência, dirião alguns.

O que importa,

significado irrelevante.

Tão irrelevante quanto precisar ou buscar

nesta encenação sacal e repetitiva que chamamos de vida.

As imagens falsas do mesmo canal.

Somos tão de mentira, que nos degradamos e desmoronamos

até restar apenas pó.

Todos teremos essa sorte um dia.

Apenas, desejo as últimas palavras, quando me olharem

gelado, liberto e decadente:

- Bom dia meu amigo. Não precisas mais abrir teus olhos, o fim chegou.

- Bira –

13 de dezembro de 2008, 2:30

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

The colors of darkness



Ouço um grito de liberdade ao crepúsculo.


As sombras vem afagar meu coração compartido...


A escuridão forra a cama onde deitarei minha mente já tão fatigada....


Bem-vindos...


Sentem-se...


Falaremos de coisas tolas...


Sentiremos como cana no campo...


Sozinhos, rodeados por iguais...


Não há nada mais angustiante que fitar a fumaça do último cigarro da noite...


AAAh o dia... Porque sempre insiste em nascer...


Hoje a noite poderia durar um momento de eternidade...


Me levando para onde eu realmente sempre quis estar...


Com quem eu sempre...


Sendo quem eu sempre...


Destas coisas já não sei...


Talvez nunca soube...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Nada a declarar


Nada eu tenho,

nada é meu.

Nada a perder.

Quando eu cheguei já existia,

e quando eu me for continuará.

Sem relevância, assim vivo,

como uma passagem apenas.

Sem apego.

Porque nada há para se desapegar,

nem a mim mesmo,

pois não me pertenço.

Sou apenas um emprestimo,

uma locação espacial,

para que meu nada imaterial permaneça uns dias por aí.

E quando meu tempo terminar,

entrego como soldo minhas experiências à terra

e como juros minhas memórias aos vermes.

Retornando por fim, ao esquecimento de onde vim.

-Bira-

sábado, 12 de julho de 2008

A primavera retornou em julho


A primavera retornou em julho
e não encontrou perfeita a sua última memória.
Os dias envelheceram,
porque o tempo não perdoa a seus próprios companheiros.
O perfume agarrado aos seu cabelos, relutante em partir,
seguiu-a até perder-se para sempre.
Apenas as saudades trilharam por seu caminho distante.
A primavera retornou
e tímida, estendeu sobre a paisagem alguns riscos de luz.
Desejou novamente seus campos abandonados
e pediu que as rosas
carregassem novamente o cheiro dos amanheceres ensolarados.
Até os ventos esquecidos
trouxeram seus pássaros descontentes.
A primavera
apontou no horizonte e sorriu,
um riso de quem se desculpa.
Despertou-nos com a sua claridade
enquanto descarregava os sonhos que distantes fora buscar.
Refloresceu a natureza e
fez brotar sementes despreoculpadas.
As estações passam
e com elas o deslumbre que as acompanham.
E se há uma verdade,
é que depois que um dia nasce
há sempre um entardecer.
E embora possa caminhar
na confiança desse dia claro,
não deixo de carregar comigo esta tristeza,
de que essa primavera também passará.


- Bira -

domingo, 29 de junho de 2008

"você é um homem ou um balde de Jaca"
- frase celebre que inspirou a criação do movimento Jaquista e o texto a baixo escrito por Rafael em homenagem a Bira -

A vegetalização de um homem




Caro amigo,

Hoje venho a ti com imenso pesar,
Pois ao que um dia foi, nunca mais será.
Lembro com saudade daqueles tempos,
Nos quais tu nos guiava pelos caminhos tortuosos da vida.
Nos mostrava obstáculos até então imprceptíveis a nossa escassa visão.
Nos conduzia, como um pai terno faz com seu filho, pelas turbulências do destino.
Mas hoje, creio que esses tempos áureos se foram.
Tempos em que nos reuníamos e celebrávamos a vida.
Celebrávamos a juventude,
Celebrávamos a sabedoria recém adquirida.
E, acima de tudo, celebrávamos a nós mesmos.
Apossou-se de nós uma imensa inquietação
Pois vemos hoje o que ti tornas-te.
E vendo que não temos mais aquele ser que nos iluminava,
Perguntamos aos ventos: E agora?
Será que tudo o que nos ensinaste era falso?
Como pode, ao doce tocar de lábios, um homem descer a tão baixo fosso?
Estamos, mais que tristes, perdidos.
Essencialmente perdidos.
Pois tudo o que aprendemos foi deturpado por aquele que nos ensinou.
Vejo com tristeza que os que um dia foram os três mosqueteiros,
Hoje não passam de três porquinhos.
É...
Como já dizia o filósofo: Quando fores ao encontro de uma mulher, levas contigo o teu chicote.
Sabemos que as descendentes de vênus são criaturas amáveis, carinhosas e que enchem nossos corações de alegria.
Mas também sabemos que possuem uma estrada tenebrosa.
E me pergunto: O que aconteceste com o teu chicote, amigo!?
Terás perdido, ou foi transformado em laço de rosa!
Elas nos acusam de infinitas infâmias,
Mas são elas que cometem os maiores pecados:
Nos vegetalizam.
E nos tiram os amigos.
Sabes muito bem que ando por essa estrada vegetal já a algum tempo.
Mas nunca me ocorreu, nem mesmo em meus piores pesadelos,
Que tú, ao iniciar tão vil empresa, irias com tanta sede rumo ao abismo.
Sabes, que da mesma forma que um dia fui ao teu encontro em busca de conselhos, conhecimento ou mesmo consolo, virás ao meu com os mesmos propósitos.
E saiba que sempre, sempre, o aguardarei de litro aberto.
Pois em minha morada nunca faltará o dece mel de Dionísio para estes momentos.
Não o chamarei de hipócrita, pois não é de minha índole insutar meus semelhantes.
Mas saiba que tú o és.
Pois se transformaste em tudo aquilo que sempre combateste.
Saiba que já olhei para ti com admiração e reverência.
Hoje, olho com prudência.
Pois vejo, neste em que a prenhez nunca cessa,
neste em que o teto sagrado o tempo aos poucos renega,
apenas
Jaca.

Rafael Ribeiro Paiva
Petrolina, 27 de maio de 2008




quinta-feira, 5 de junho de 2008

Desejo


Entrega-me metade do teu coração
Para que eu devore
E talvez eu possa amar tua parte incompleta.

Dá-me a meia porção do teu sangue
Para que eu beba
E tornarás tua pele fria para que meu calor te sustente.

Divida comigo o ar que respiras
Para que eu trague um algo de tua vida
E talvez sozinha te sufoques.

Torna-te apenas metade do que és
E também serás teu meu coração, sangue e ar.
-Bira-

terça-feira, 20 de maio de 2008

A vida vale a pena?


As vezes penso que não.
Penso nas dificuldades que enfrento desde criança, na tristeza que vejo a muito tempo nos que estão perto de mim. Penso na incapacidade das pessoas e na impotência ante um cotidiano irrevogavelmente vazio. Penso ainda no potêncial que todos temos para sermos infelizes. Penso na tristeza das perdas que sofri, nos amores que esqueci e e nos que ainda terei que esquecer. As vezes penso na vida que tenho e, apesar de não ser das piores, as vezes simplesmente não consigo gostar dela.

E derrepente acordo.
Em um dia com um pouco mais de sol, com um pouco mais de vento. Em um dia talvez “nada a ver”, um dia desproposital. Então vejo minha familia tomando café, e penso em todas as dificuldades que enfrentamos e, mesmo com o pouco, conseguimos dar boas risadas. Penso no quintal de minha casa, no pé de goiabeira, nos cabos das vassouras que derrotavam meus inimigos imaginários, nas caixinhas de remédios pilotadas pelos bonecos de massa, no gipe do rambo – que foi gurreiro até a carcaça. Penso quando dancei valsa com minha mãe na formatura da alfabetização e com minha irmã na da quarta série. Penso nas brigas com meu irmão, em como não me lembro de quando ficamos adultos e de quando elas acabaram. Penso na primeira vez que bebi com meus primos e nas músicas de vaquejada que ouvimos. Penso em meu primo Carlos Maelbe cantando aboios na madrugada de uma segunda qualquer de frente da minha casa. Penso nos meus amigos e nas besteiras infindáveis que conversamos e conversaremos. Penso em todas as vezes que sorri. Penso nos amores que ainda terei. As vezes penso na vida que tenho, que não é das piores, e em todas as lembranças que conquistei, e as vezes simplesmente não quero que elas acabem.
- Bira -

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Era uma vez...


O que você tem a dizer?
Então diga.
Esta é a hora .
Este é o forum: A vida.
Por que tudo está em branco,
desde o seu início
até o seu final.
Muito por se dizer,
páginas por escrever.
Deixe seus relatos,
escreva sua vida.

Conte tudo,
e não omita nada.
Também não minta nada.
Suas recordações para você serão.
Este é o seu livro,
As paginas suas experiências.
E por enquanto, experiências em branco,
Experiências em preto.
Linhas de existência,
Linhas por existir.
Preciosas memórias escondidas através do tempo.
Novos dias, novas palavras.
Não esqueça, as páginas passam.
Conte sua históra,
Diga o que você tem a dizer.

-Bira-

sexta-feira, 21 de março de 2008




Ande apenas em uma direção
quando você for apenas um.
Seja um corpo,
oculpe um espaço de cada vez no universo.
Dizem que somos plural,
mas eu digo: não seja!
Não escute vozes,
apenas você fale.
Tenha um pensamento,
uma ideia de cada vez.
Concentre-se em um lugar,
Não se perca no infinito.
Apenas uma batida po vez,
Um sentimento por vida,
Uma pessoa por eternidade.
Um amor para sempre.
- Bira -

domingo, 16 de março de 2008

Sociedade do Ser


As vezes...as vezes perdemos o controle. Raiva e ira, em alguns momentos controlam nossas ações. Somos possuídos por um impeto, não irracional, mas que naquele interim de fúria eleva nossa força, percepção e habilidades. Isso ocorre quando somos ameaçados, acuados, pressionados. Seja nossos pensamentos e idéias, seja nossa vida. Temos somente que reagir, escapar, enfrentar. Assim, ficamos mais fortes quado somos ameaçados, contudo ficamos menos cerebral. Será pelo desvio do fluxo sanguineo para pernas e braços. Ou será que em épocas de perigo e instabilidade política faz-se necessário que o ditador assuma a democracia. A ditadura, é verdade, torna o sistema mais operacional e menos complexo. Menos conflituoso, eu acrescentaria. Logo, este governo, comanda “o estado do ser” com agressividade e poucos questionamentos. Mas não sem racionalidade. Apenas com a inteligencia necessária para derrotar o inimigo. Ou melhor, para responder a ameaça. Já que nem sempre a resposta está a altura da vitória. Queremos apenas reagir, está é a prioridade.
Somos ameaçados o tempo todo. E por isso devemos ter o cuidado de não deixar a nossa democracia interior ruir. Nem toda ameaça, é ameaça d’factum. Nem sempre o radicalismo psiquico é justificável. Precisamos usar o controle. Ele surgiu afim de que pudessemos dominar nossas respostas. Moderar o ataque. Ou esperar nas trincheiras. Impedir que retornemos novamente a Barbárie.
Portanto, posso compreender o mundo como um esquema macro de nossa estrutura interior. Fizemos ele conforme nossa imagem e semelhança. Quando quando você quiser conhecer-se melhor, apanas olhe, e veja, a sociedade que você está construindo. A civilização não é um puro acaso. Mas uma consequência de evolução interior em direção ao aprimoramento do controle e do dominio próprio. Permitam-me concluir com adstringência: civilizamos o comportamento, por isso não somos macacos – P.S. isso não é totalmente verdade.
- Bira -

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008


A primavera acorda lentamente

esta manhã,

e nela tu existes.

As estações solitárias já se foram,

e você está por toda parte.

Pois um jardim precisa de flores

e uma alma precisa de outra.

Este é um dia claro,

tenho perspectivas.

Tenho alguém diante de mim.

- Bira -