Nada eu tenho,
nada é meu.
Nada a perder.
Quando eu cheguei já existia,
e quando eu me for continuará.
Sem relevância, assim vivo,
como uma passagem apenas.
Sem apego.
Porque nada há para se desapegar,
nem a mim mesmo,
pois não me pertenço.
Sou apenas um emprestimo,
uma locação espacial,
para que meu nada imaterial permaneça uns dias por aí.
E quando meu tempo terminar,
entrego como soldo minhas experiências à terra
e como juros minhas memórias aos vermes.
Retornando por fim, ao esquecimento de onde vim.
-Bira-